Processos Seletivos Desrespeitosos: Uma Realidade a Combater
Em pleno século XXI, é inadmissível que condutas desrespeitosas ainda permeiem os processos seletivos no mercado de trabalho. Contudo, a realidade nos mostra que práticas abusivas continuam sendo uma constante, desrespeitando direitos básicos dos candidatos e ferindo princípios éticos e legais.
Como Secretário de Desenvolvimento Econômico, Emprego e Renda da Estância Turística de Ribeirão Pires, tive a honra de participar, em Brasília no ano de 2012, do I Congresso Nacional de Emprego e Trabalho Decente. Na ocasião, já discutíamos a importância de promover processos seletivos justos e inclusivos, um tema que permanece atual e essencial. Essa experiência reforçou minha convicção de que não há espaço para práticas discriminatórias no mercado de trabalho.
Certas perguntas durante as entrevistas de emprego são proibidas porque violam direitos fundamentais e não possuem relação direta com a capacidade do candidato de exercer a função pretendida. Entre essas perguntas, destacam-se:
Convicções Políticas: Questionar em quem o candidato votou representa uma afronta à liberdade de expressão e ao direito ao voto secreto.
Estado Civil: Indagar sobre casamento ou vida familiar reforça estereótipos e pode levar à exclusão de candidatos com base em gênero, orientação sexual ou outros aspectos pessoais.
Essas perguntas, além de serem desnecessárias para avaliar a competência, são formas veladas de discriminação.
Os reflexos de tais práticas são graves tanto para o empregador quanto para a empresa como um todo:
Para o empregador: A Lei nº 9.029/1995 prevê penalidades, como indenizações por danos morais, além de processos trabalhistas e sanções do Ministério Público do Trabalho (MPT).
Para a empresa: O dano à reputação pode ser irremediável, especialmente em um mundo onde a repercussão negativa se propaga rapidamente pelas redes sociais e demais meios de comunicação.
É fundamental que os recrutadores direcionem suas perguntas para aspectos relacionados à qualificação, às competências e às experiências do candidato. Questões que envolvem aspectos pessoais ou subjetivos, como:
Convicções políticas ou religiosas;
Estado civil, idade, raça ou orientação sexual;
Qualquer elemento que não tenha relevância direta para a função, é totalmente inapropriado.
Um processo seletivo é uma via de mão dupla. Ao mesmo tempo em que o candidato precisa demonstrar seu valor, a empresa também precisa mostrar que é um ambiente acolhedor, respeitoso e alinhado à legislação e às boas práticas de mercado.
Se você foi vítima de discriminação em um processo seletivo, não hesite em denunciar. O Ministério do Trabalho disponibiliza o e-mail [email protected] para registro de ocorrências. Sua voz é essencial para transformar o mercado de trabalho em um espaço mais justo e igualitário.
Em um mundo cada vez mais atento à diversidade e à inclusão, as empresas que insistem em práticas discriminatórias colocam em risco não apenas seu futuro no mercado, mas também a construção de uma sociedade mais ética e respeitosa. Vamos combater juntos os processos seletivos desrespeitosos!
Marcelo Dantas da Fonseca
Coordenador da Rede de Gestores de RH
Coordenador da APL de Profissionais de Recursos Humanos do ABC
Proprietário da MDF Associados
Ex Secretário de Desenvolvimento Economico Emprego e Renda da Estância Turística de Ribeirão Pires
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