No Observatório do RH, buscamos sempre trazer insights relevantes para nossos leitores. Tivemos a oportunidade de conversar com Lucrécia Oliveira, Vice-Presidente de Operações do Grupo Benner, que compartilhou sua visão sobre as principais tendências e desafios do setor de Recursos Humanos para 2025. Confira a entrevista:
Lucrécia Oliveira: A primeira é a transformação digital com a integração da Inteligência Artificial, que chega com a proposta de automatizar processos e tarefas repetitivas, otimizar processos de recrutamento e seleção, bem como realizar análise de dados (People Analytics) para monitorar indicadores-chave de desempenho, como engajamento e rotatividade, permitindo decisões estratégicas mais precisas.
Além disso, a admissão digital, com automação e personalização da jornada do colaborador, maior atenção à saúde mental dos colaboradores, via implementação de programas de bem-estar para aumentar o engajamento e a produtividade, também devem estar em ascensão em 2025.
Não menos importante, capacitações para tecnologias emergentes através de investimento em programas de upskilling e reskilling devem preparar os colaboradores para o uso eficaz de novas tecnologias, como a IA generativa.
Lucrécia Oliveira: Existem diversos desafios nesse processo. Entre eles, destacam-se:
Falta de visibilidade sobre comportamentos e necessidades dos colaboradores: A ausência de mapeamento individual pode levar a decisões desalinhadas ao propósito da organização.
Falta de dados confiáveis: A coleta inadequada ou fragmentada de informações sobre colaboradores dificulta análises precisas e tomadas de decisão baseadas em dados.
Integração de sistemas: Obstáculos na integração entre diferentes plataformas e ferramentas de RH, como sistemas de folha de pagamento, recrutamento e gestão de desempenho, dificultam uma visão ampla dos processos.
Falta de competências analíticas: A ausência de profissionais capacitados em análise de dados e People Analytics dentro das equipes de RH reduz as possibilidades de aplicação de um RH estratégico.
Segurança e privacidade de dados: Garantir a conformidade com regulamentações, como a LGPD, e proteger informações sensíveis sobre colaboradores é sempre um grande desafio.
Adaptação às tecnologias avançadas: O uso de IA, machine learning e automação exige investimentos e capacitação, nem sempre disponíveis.
Desenvolvimento de uma cultura de feedback contínuo e engajamento: Muitas organizações enfrentam barreiras culturais ou aplicam soluções genéricas, reduzindo a eficácia das iniciativas de melhoria do ambiente de trabalho.
Mensuração de resultados: Avaliar o impacto real das iniciativas de inteligência do RH pode ser desafiador, especialmente em áreas subjetivas como engajamento e clima organizacional.
Lucrécia Oliveira: Investir em tecnologia permite que o RH desempenhe um papel mais estratégico, alinhando pessoas aos objetivos organizacionais e gerando valor para o negócio. Esse investimento pode ser realizado a partir dos seguintes pilares:
Automatização de processos: Ferramentas de automação eliminam tarefas repetitivas, como gestão de folha de pagamento e triagem de currículos, liberando o RH para focar em iniciativas estratégicas.
People Analytics: Plataformas de análise de dados permitem monitorar métricas importantes como engajamento, produtividade e rotatividade, facilitando decisões baseadas em evidências.
Inteligência Artificial (IA): A IA pode ser utilizada para recrutamento mais inclusivo e preditivo, garantindo diversidade e equidade. Também é possível otimizar o planejamento de força de trabalho com análises preditivas.
Sistemas integrados de gestão: Soluções de ERP e HCM (Human Capital Management) consolidam dados de diferentes áreas, promovendo uma visão unificada e estratégica da força de trabalho.
Ao combinar tecnologia e humanização, o RH assume um papel essencial na transformação organizacional, potencializando decisões que melhoram vidas e promovem ambientes de trabalho saudáveis e produtivos.
Lucrécia Oliveira: A maturidade do mercado em relação à adoção de IA e tecnologias avançadas varia conforme o setor, o porte das empresas e a região. Alguns aspectos-chave incluem:
Uso crescente de ferramentas avançadas: Grandes empresas e organizações globais já utilizam IA para automação de recrutamento, People Analytics e gestão de desempenho. Pequenas e médias empresas estão começando a adotar soluções mais acessíveis.
Automação básica predominante: A maioria das empresas ainda utiliza a tecnologia para processos operacionais, como folha de pagamento e triagem inicial de candidatos.
Baixa integração total: Apesar de avanços, muitas empresas carecem de sistemas integrados e não conseguem consolidar dados de diferentes ferramentas para análises estratégicas.
Adoção focada em áreas específicas: A IA é usada principalmente em recrutamento e análise de engajamento, enquanto outros processos, como capacitação e desenvolvimento, ainda têm baixa penetração tecnológica.
Para amadurecer, o mercado precisa investir em educação tecnológica para o RH, integração de ferramentas e maior acessibilidade de soluções para empresas de pequeno e médio porte. Além disso, a consolidação de dados entre diferentes sistemas ainda é um grande desafio.
“É importante lembrar que a IA é uma grande aliada para uma gestão de RH humanizada e focada em garantir uma melhor performance em um ambiente de trabalho seguro e saudável. As empresas não querem crescer a qualquer custo, e o uso de ferramentas tecnológicas garante a visibilidade necessária para um crescimento exponencial e saudável, potencializando o melhor de cada pessoa”, conclui Lucrécia Oliveira.
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