O mercado de Recursos Humanos passa por uma transformação significativa nos últimos anos. Uma das mudanças mais evidentes é o crescimento do número de profissionais da área atuando como Pessoa Jurídica (PJ). Estimativas do setor indicam que atualmente cerca de 50% dos RHs em empresas de médio e grande porte estão contratados sob regime PJ, refletindo uma mudança estrutural nas relações de trabalho e na forma como o setor é valorizado e requisitado.
Esse movimento está atrelado a diversos fatores, como a busca por maior flexibilidade nas contratações, redução de encargos por parte das empresas, além de uma tendência de mercado que valoriza especializações e entregas por projetos. Muitos desses profissionais acumulam funções, atendendo múltiplos clientes e trazendo visões mais amplas e estratégicas para os negócios.
Mas o que pesa na hora de escolher entre CLT e PJ?
Vamos a um exemplo prático: imagine que você receba duas ofertas de emprego — uma como CLT no valor de R$ 10.000 e outra como PJ no valor de R$ 15.000. Ambas com os mesmos benefícios (R$ 1.000 em saúde e alimentação), férias e 13º. Para fins de análise, considere que o custo total para a empresa seja exatamente o mesmo.
No modelo CLT, entre descontos como IR, INSS, FGTS, RAT, sistema S e outros encargos, o seu salário líquido gira entre R$ 6.800 e R$ 7.200.
Já no modelo PJ, mesmo após o pagamento dos impostos da nota, o valor líquido pode ficar entre R$ 12.800 e R$ 14.000.
Ou seja, o post não é apenas sobre matemática — é sobre modelo de trabalho. A segurança do CLT ou o dinheiro no bolso do PJ? A decisão depende do seu perfil, momento de vida e apetite ao risco. Mas os números mostram que, para muitos profissionais de RH, a opção pelo PJ tem sido uma escolha consciente de liberdade, flexibilidade e maior retorno financeiro.
Apesar dos desafios de atuar como PJ — como a ausência de direitos trabalhistas tradicionais, menor previsibilidade de renda e necessidade de autogestão — muitos RHs têm enxergado nesse formato uma oportunidade de crescimento profissional e liberdade de atuação, com ganhos superiores aos da estrutura tradicional.
A Rede de Gestores de RH do ABC tem acompanhado de perto esse movimento. Em nossos encontros e eventos, o tema tem surgido com frequência, e os próprios profissionais compartilham suas experiências, desafios e aprendizados na jornada como consultores independentes, prestadores de serviço ou empreendedores do RH.
Estamos diante de um novo momento da profissão, no qual o RH assume o papel de parceiro estratégico do negócio, independente do modelo contratual. Cabe a nós, profissionais da área, refletirmos sobre esse cenário e prepararmos nossos caminhos com ética, atualização constante e visão de futuro.
E você? Diante das mesmas condições, qual modelo escolheria: CLT ou PJ? E por quê?
Marcelo Dantas da Fonseca
Coordenador da Rede de Gestores de RH do ABC
Editor-chefe do Jornal Observatório do RH
Ex-Secretário de Desenvolvimento Econômico, Emprego e Renda de Ribeirão Pires (2010–2012)
Ex-Diretor de Qualificação Profissional em Mauá (2013–2015)
Formado em Gestão de Recursos Humanos e pós-graduado em Marketing
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